Quantas vezes, ao ler um livro, um poema, uma poesia, uma crônica ou
mesmo uma biografia, você se identificou com a escrita e sentiu que de alguma
forma aquele texto traduziu o você sentia? Não é raro que palavras de outras
pessoas pareçam ter sido tiradas do enredo na nossa própria vida.
A transferência instantânea pode causar não só o alívio de encontrar
palavras para o que parecia não poder ser explicado, como também traz luz
para coisas das quais nem imaginávamos precisar saber. Esse é o
autoconhecimento e é assim que a biblioterapia funciona. Uma técnica
terapêutica que se utiliza de textos, livros e atividades de leitura.
O termo surgiu com a junção do grego “biblion”, que significa livro, e
“therapeira”, que significa terapia. A biblioterapia como uma prática que envolve
o letramento literário, visa promover a leitura e o engajamento do leitor,
desenvolver as habilidades de concentração, leitura crítica e empatia. Levando,
assim, o leitor a se abrir para um novo mundo e uma visão diferenciada, ao
mesmo tempo em que irá contribuir para a reflexão e o amadurecimento em
relação a problemas emocionais cotidianos.
A leitura de uma variedade de materiais é utilizada para facilitar a
compreensão e a catarse de sentimentos, valores e ações. Desta forma,
promove o crescimento e o desenvolvimento pessoal. A diferença entre a
leitura simples e a leitura terapêutica está na intensidade e no direcionamento.
O que se destaca é o fato de ser um processo interativo, com a condução do
ato de ler para a cura.
Há três possibilidades de se conduzir nesta trajetória literária: com a
biblioterapia institucional utilizada com clientes, com texto de higiene mental,
embora hoje esteja em desuso; a bibioterapia clínica, em programas
estruturados que envolvem médicos e psicoterapeutas; e a biblioterapia de
desenvolvimento pessoal, indicada em projetos educacionais voltados para
crianças e jovens, de forma individual ou coletiva, também realizada por
bibliotecários.
Duas características aparecem de forma latente neste processo, o
envolvimento e a identificação. O leitor se envolve com a trama ou com o
personagem da história e se identifica com o caráter ou com a experiência
apresentados no livro. Ao se identificar, sente o alívio pelo reconhecimento de
que outros têm adversidades similares.
Os dilemas resolvidos com sucesso na obra, fazem com que o leitor
realize uma tensão emocional associada aos seus próprios problemas
(catarse). Isso faz com que queira aplicar o que aconteceu na história fictícia à
sua vida. A semelhança dos problemas da trama com a sua realidade faz com
que o leitor chegue a uma etapa final (universalidade), onde consegue
compreender outros problemas similares.
Ao ler um texto, o indivíduo constrói um paralelo, ligado às suas
experiências e vivências pessoais, o que pode ser interpretado de formas
diferentes por cada leitor. A literatura tem o poder de mexer com as emoções,
porque admite a suspensão temporária do que se conhece por descrença. Isso
significa que durante a leitura, a pessoa passa a acreditar nos acontecimentos
dos livros e esquece dos próprios problemas, causando o bem-estar e alívio da
dor.
E você, leitor, já conhecia ou já passou por este método terapêutico?
Como foi a sua experiência e quais livros mais te ajudaram? Vamos
compartilhar nossas leituras.
Até a próxima!
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