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Foto do escritorLuiz Andriguetto

Biblioterapia: a leitura como cura e alívio do sofrimento

Quantas vezes, ao ler um livro, um poema, uma poesia, uma crônica ou

mesmo uma biografia, você se identificou com a escrita e sentiu que de alguma

forma aquele texto traduziu o você sentia? Não é raro que palavras de outras

pessoas pareçam ter sido tiradas do enredo na nossa própria vida.


A transferência instantânea pode causar não só o alívio de encontrar

palavras para o que parecia não poder ser explicado, como também traz luz

para coisas das quais nem imaginávamos precisar saber. Esse é o

autoconhecimento e é assim que a biblioterapia funciona. Uma técnica

terapêutica que se utiliza de textos, livros e atividades de leitura.


O termo surgiu com a junção do grego “biblion”, que significa livro, e

therapeira”, que significa terapia. A biblioterapia como uma prática que envolve

o letramento literário, visa promover a leitura e o engajamento do leitor,

desenvolver as habilidades de concentração, leitura crítica e empatia. Levando,

assim, o leitor a se abrir para um novo mundo e uma visão diferenciada, ao

mesmo tempo em que irá contribuir para a reflexão e o amadurecimento em

relação a problemas emocionais cotidianos.


A leitura de uma variedade de materiais é utilizada para facilitar a

compreensão e a catarse de sentimentos, valores e ações. Desta forma,

promove o crescimento e o desenvolvimento pessoal. A diferença entre a

leitura simples e a leitura terapêutica está na intensidade e no direcionamento.

O que se destaca é o fato de ser um processo interativo, com a condução do

ato de ler para a cura.


Há três possibilidades de se conduzir nesta trajetória literária: com a

biblioterapia institucional utilizada com clientes, com texto de higiene mental,

embora hoje esteja em desuso; a bibioterapia clínica, em programas

estruturados que envolvem médicos e psicoterapeutas; e a biblioterapia de

desenvolvimento pessoal, indicada em projetos educacionais voltados para

crianças e jovens, de forma individual ou coletiva, também realizada por

bibliotecários.


Duas características aparecem de forma latente neste processo, o

envolvimento e a identificação. O leitor se envolve com a trama ou com o

personagem da história e se identifica com o caráter ou com a experiência

apresentados no livro. Ao se identificar, sente o alívio pelo reconhecimento de

que outros têm adversidades similares.


Os dilemas resolvidos com sucesso na obra, fazem com que o leitor

realize uma tensão emocional associada aos seus próprios problemas

(catarse). Isso faz com que queira aplicar o que aconteceu na história fictícia à

sua vida. A semelhança dos problemas da trama com a sua realidade faz com

que o leitor chegue a uma etapa final (universalidade), onde consegue

compreender outros problemas similares.


Ao ler um texto, o indivíduo constrói um paralelo, ligado às suas

experiências e vivências pessoais, o que pode ser interpretado de formas

diferentes por cada leitor. A literatura tem o poder de mexer com as emoções,

porque admite a suspensão temporária do que se conhece por descrença. Isso

significa que durante a leitura, a pessoa passa a acreditar nos acontecimentos

dos livros e esquece dos próprios problemas, causando o bem-estar e alívio da

dor.


E você, leitor, já conhecia ou já passou por este método terapêutico?

Como foi a sua experiência e quais livros mais te ajudaram? Vamos

compartilhar nossas leituras.


Até a próxima!

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