Ler é uma atividade que não tem contraindicações, recomendada para todos. O hábito da leitura faz do indivíduo uma verdadeira fonte de informação e, além disso, facilita a descoberta do mundo, cuja interpretação apoia o seu desenvolvimento integral. É considerada como um acontecimento solitário, um encontro privado com o outro mundo, a sós com o livro e consigo mesmo.
Para algumas pessoas, apesar desta solidão, o momento é uma conversa que oferece a possibilidade de descobrir segurança material, econômica, emocional e espiritual. Uma janela para outras culturas, catarse de conflitos e agressões, sentimento de amor, envolvimento na ação. Um ato individual e pessoal, que proporciona valorizar e superar dificuldades.
O termo letramento vem da palavra inglês literacy, que, segundo Magda Soares, foi adaptada para o português por tradução direta do termo original, denotando " o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita”.
De forma mais simples, o conceito de letramento se refere à ideia do uso social da leitura e da escrita e ao estado ou condição que um indivíduo alfabetizado adquire. Acredita-se que o uso da escrita pode trazer consequências políticas, sociais e culturais ao indivíduo.
A leitura literária conduz e habilita, assim, o leitor ao aprofundamento das suas capacidades de perceber o mundo ao seu redor, possibilitando uma reflexão poderosa sobre sentimentos e ideias.
A biblioterepia se insere em uma categoria de prática de letramento, surge como uma oportunidade de preparar as pessoas para ler, compreender e consumir literatura, tornando-as sujeitos autônomos não só nas inúmeras práticas sociais que envolvem a linguagem, mas nas próprias relações que o texto literário propõe.
Partindo das ideias de Paulo Freire, que diz que ler é um ato de compreensão do mundo, de pronunciar o mundo para finalmente conhecer a si mesmo, é possível estabelecer um paralelo do autoconhecimento ao ato de ler na prática biblioterápica. Desta forma, a leitura é vista enquanto um processo interativo entre a personalidade do leitor e do autor mediado pelo texto.
A terapia, portanto, pode desenvolver práticas que instiguem mudanças, no desenvolvimento de suas potencialidades, no movimento mútuo de afetos, na aplicabilidade reflexiva ao discurso e/ou à linguagem, seja ela escrita, oral e/ou produzida pelos próprios sujeitos participantes.
Assim como existe um remédio adequado para cada tipo de doença, a biblioterapia também pode oferecer o livro certo para ajudar a curar ou amenizar, diversas doenças emocionais.
Para as crianças, o primeiro contato com a literatura e identificação com as narrativas, pode acontecer por meio da contação de história.
A contação de história como estratégia para o público infantil
Contar histórias para crianças é uma atividade maravilhosa que estimula a imaginação, promove o desenvolvimento da linguagem e fortalece o vínculo afetivo entre adultos e crianças. Aqui estão algumas dicas e métodos para contar histórias de forma cativante e envolvente:
1. Escolha da história: Selecione histórias adequadas à idade e interesses das crianças. Considere temas como amizade, aventura, fantasia, animais, super-heróis, contos de fadas, entre outros.
2. Prepare-se: Leia a história com antecedência para se familiarizar com o enredo, os personagens e o clima da narrativa. Isso ajudará você a contar a história de forma mais fluente e convincente.
3. Ambiente adequado: Escolha um local tranquilo e confortável, livre de distrações, para contar a história. Uma boa iluminação e uma postura relaxada contribuem para criar um clima agradável.
4. Use a voz e expressões faciais: Varie o tom de voz conforme os personagens e situações da história. Utilize expressões faciais e gestos para dar vida aos personagens e tornar a narrativa mais envolvente.
5. Interatividade: Inclua elementos interativos, como perguntas sobre a história, convites para imitar sons ou movimentos dos personagens, ou até mesmo pausas para que as crianças preencham partes da história.
6. Adaptações criativas: Faça adaptações criativas na história, como mudar o final, introduzir novos personagens ou criar diálogos improvisados. Isso pode deixar a narrativa mais interessante e surpreendente para as crianças.
7. Utilize recursos visuais: Se possível, utilize recursos visuais como livros ilustrados, fantoches, objetos ou figuras para complementar a narrativa e estimular o interesse das crianças.
8. Estimule a imaginação: Encoraje as crianças a imaginarem cenários, personagens e desfechos alternativos da história. Faça perguntas que estimulem a reflexão e a criatividade.
9. Incentive a participação: Permita que as crianças participem ativamente da história, seja fazendo sons de animais, repetindo frases-chave, ajudando a contar partes da história ou sugerindo ideias para o desenvolvimento da trama.
10. Finalização: Ao concluir a história, reserve um tempo para discutir os principais acontecimentos, os personagens favoritos e as lições aprendidas. Também é importante elogiar a participação das crianças e incentivar o hábito da leitura.
Lembre-se de que cada criança é única, portanto, adapte sua abordagem de acordo com as características e interesses do público infantil com o qual você está interagindo. O mais importante é proporcionar momentos divertidos e enriquecedores por meio da contação de histórias.
Em Curitiba, onde resido e que pode ser o seu local também, existem diversos lugares onde você pode encontrar contação de histórias para crianças. Aqui estão alguns exemplos:
1. Biblioteca Pública do Paraná:
A Biblioteca Pública do Paraná costuma oferecer sessões de contação de histórias para crianças em diferentes horários. Verifique a programação no site oficial (https://www.bpp.pr.gov.br/) ou entre em contato diretamente com a biblioteca para mais informações.
2. Biblioteca Infantil de Curitiba (BIP):
A BIP é um espaço dedicado especialmente às crianças e frequentemente realiza atividades como contação de histórias, teatro infantil e oficinas. Consulte a agenda de eventos no site da Prefeitura de Curitiba (https://educacao.curitiba.pr.gov.br/conteudo/biblioteca-municipal-darcy-ribeiro/13222 ) ou nas redes sociais da BIP para saber os horários das atividades.
3. Livrarias:
Livrarias como Livrarias Curitiba (https://www.livrariascuritiba.com.br/), Fnac Curitiba (https://www.fnac.pt/), Livraria da Vila (https://www.livrariadavila.com.br/) e Livraria da Travessa (https://www.travessa.com.br/) costumam organizar eventos voltados para o público infantil, incluindo contação de histórias. Verifique a programação dessas livrarias nas redes sociais ou em seus sites oficiais.
4. Espaços Culturais:
O Sesc da Esquina (https://www.sescpr.com.br/unidade/sesc-da-esquina/) e o Sesc Paço da Liberdade (https://www.sescpr.com.br/unidade/sesc-paco-da-liberdade/) são espaços culturais que promovem diversas atividades para crianças, incluindo contação de histórias, teatro, música e mais. Consulte a programação desses locais para saber os horários das atividades infantis.
5. Museus e Centros Culturais:
O Museu Paranaense (https://www.museuparanaense.pr.gov.br/), o Museu Oscar Niemeyer (MON) (https://www.museuoscarniemeyer.org.br/), o Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) (https://www.mac.pr.gov.br/) e outros museus e centros culturais de Curitiba ocasionalmente oferecem contação de histórias como parte de suas atividades educativas. Verifique a programação de cada instituição para mais detalhes.
6. Eventos Culturais e Festivais:
Durante eventos culturais, como a Feira do Livro de Curitiba e festivais de literatura infantojuvenil, é comum encontrar sessões de contação de histórias. Fique atento à programação desses eventos para participar das atividades voltadas para as crianças.
Esses são apenas alguns exemplos de lugares em Curitiba onde você pode encontrar contação de histórias para crianças. É importante verificar previamente a programação de cada local, pois os eventos de contação de histórias podem ocorrer em datas específicas e ter horários variados. Além disso, alguns eventos podem exigir inscrição prévia ou ter restrições de idade, por isso é recomendável entrar em contato com o local ou consultar seus canais de comunicação para obter informações atualizadas sobre as atividades disponíveis.
E você, já realizou ou participou de uma experiência como essa? Conta para a gente nos comentários como foi!
Até a próxima!
Fontes bibliográficas:
ANDRADE, Lucas Veras de; MELO, Ana Caroline Viana de. Um diálogo entre a vida real e a literatura infanto-juvenil: uma experiência de leitura na perspectiva da produção de sentidos. Inf. Prof., Londrina, v. 6, n. 1, p. 162 – 173, jan./jun. 2017.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
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